Teoria da Carga Cognitiva e Aprendizagem Multimédia

Teoria da Carga Cognitiva e Aprendizagem Multimédia
Clique para ver o Trabalho desenvolvido no âmbito da disciplina Aprendizagem com TIC

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Currículo, as TIC e a Saúde

" Coloco-me também a questão se esta utilização excessiva dos computadores não terá alguns efeitos perversos, não só a nível de saúde como a nível social… "
Penso ser uma perspectiva importante a ter em conta.
Colocando-me agora não só no papel de professora, mas em simultâneo no de coordenadora do projecto de educação para a saúde da escola (fugindo talvez um pouco à proposta inicial da análise do currículo numa perspectiva tradicional), a utilização de computadores tem por certo um impacto negativo na saúde dos nossos jovens... pensando não só no aspecto de saúde física, mas também de saúde mental.
Sabemos já hoje, que os adultos que usam o computador durante muito tempo e com postura pouco adequada, sofrem de fortes dores no pescoço e na coluna além de lesões nos pulsos e mãos devido a um esforço repetitivo.
Pensemos nas crianças, que cedo se iniciam na utilização dos computadores vêm comprometido o seu desenvolvimento muscular e ósseo, devido não só a posturas incorrectas (prolongadas por largos períodos), como a movimentos repetitivos. Se nos lembrarmos que muitas delas, têm como passatempo também o recurso a jogos, que potenciam o mesmo tipo de problemas, que jovens/adultos teremos no futuro? Quais as consequências para a sua saúde?
Podemos associar ainda a falta de actividade física a problemas de obesidade, a que certamente estes novos recursos não serão alheios.
Em termos de saúde mental, pode tornar-se “viciante” o uso das novas tecnologias desde tenra idade, faltando tempo e espaço para brincadeiras de grupo e para a socialização da criança... não será já este um dos problemas da sociedade, a falta da socialização “in vivo” (perdoem-me o termo) e convívio entre os jovens? Estaremos a agravá-lo?
Muito mais poderia ser aqui acrescentado na problemática de comportamentos pouco promotores de saúde, fica o alerta.

Currículo - sob uma óptica tradicional

Na sociedade em que vivemos, associamos facilmente a tecnologia a rapidez, inovação, eficácia, melhoria... Então se pudermos aplicar tecnologia à educação, e como defende o plano tecnológico ao que realmente importa na escola: ensinar e aprender, vamos estar à espera de rapidez, professores munidos de melhores meios de ensinar e alunos formados mais rapidamente; inovação e eficácia, professores mais inovadores, mais eficazes na forma de transmitir os saberes logo alunos mais preparados/instruídos para o mercado de trabalho ou para o prosseguimento da vida académica e melhoria de toda a realidade escolar e social, devido à disponibilidade de ferramentas inovadoras para o aumento da qualificação e do reforço das competências promovidas pelos currículos.
Temos para tal, um plano tecnológico com os seus eixos de actuação: Tecnologia, Conteúdos e Formação, que apresenta entre outros objectivos, generalizar a formação e certificação de competências TIC na comunidade educativa; promover não só utilização das TIC no ensino, mas também a sua utilização pedagógica. Aumentar a produção e distribuição de conteúdos pedagógicos em suporte informático. Desenvolver práticas de ensino-aprendizagem interactivas, generalizar o portfólio digital do aluno.
Sem dúvida, todo este projecto apresenta aspectos positivos.
Mas estes aspectos positivos não resolvem por si só o problema do ensino em Portugal, é preciso encarar a realidade social, escolas com edifícios e equipamento degradado e por vezes obsoleto, problemas associados à falta de apoio familiar (pais que trabalham muitas horas, longe de casa, horários desfasados), o abandono escolar (alunos desinteressados, desmotivados, sem tempo para conviver, ou marginalizados), carências ao nível da higiene e da alimentação (vivendo em bairros degradados, ou em habitações sociais, sem recursos económicos), problemas de violência... não são suprimidos pelo plano tecnológico. Claro que outras intervenções estão a ser desenvolvidas nestes domínios, mas talvez não com o mesmo dinamismo e empenho manifestados pela entrada da tecnologia. (Talvez porque politicamente não tem o mesmo impacto.)
É importante, para que o plano tecnológico apresente efectivamente resultados, que para lá da distribuição dos meios tecnológicos, sejam desenvolvidos e apresentados conteúdos pedagógicos (software e/ou conteúdos on-line), seja implementada a formação prevista a todos os níveis, desde professores a alunos, não esquecendo de modo nenhum o quadro de auxiliares de acção educativa envelhecido e com ausência de formação no domínio das novas tecnologias.
Considero ainda igualmente importante sensibilizar os alunos para a importância das novas tecnologias como recurso da sua educação e formação. Alunos informados e empenhados no sucesso do seu percurso de aprendizagem, com os horizontes definidos ou ainda em aberto, podem sem dúvida beneficiar deste plano tecnológico... Veremos!

Partilhando ideias sobre Currículo

“Currículo não é apenas planificação, é também a prática que se estabelece, a comunicação entre os agentes sociais, as famílias, os professores e os alunos” deve ser uma linha orientadora mas flexível da construção de conhecimentos e portanto de uma identidade. Deve, contribuir para a formação de cada um, orientando os saberes de acordo com os objectivos estabelecidos e as competências a desenvolverem.
No desenvolvimento da sociedades modernas, as novas tecnologias (da TV à Internet), permitiram o acesso a um vasto e diversificado leque de conhecimentos que cresce exponencialmente a cada dia que passa. Os currículos tentam de alguma forma promover a transmissão de todo esse conhecimento, o que os torna (do meu ponto de vista) por um lado demasiado extensos, e por outro, demasiado superficial. Sendo em simultâneo difíceis de gerir numa sociedade multicultural, com grande diversidade de experiências, de saberes e de oportunidades. Assim a flexibilidade tentada nos novos currículos pode permitir a modelação de diferentes identidades, orientando os saberes para o desenvolvimento de capacidades realizadoras e/ou académicas. Deve contribuir para uma escola humana, inteligente mas acima de tudo mais criativa. Criativa nas necessidades de reestruturação para adaptação às novas exigências, porque é bom perceber que flexibilizar um currículo pode parecer uma excelente ideia, mas a flexibilização tem de ter um certo domínio, senão perde-se, terá sempre de ser orientada pelo estabelecimento de objectivos, que podem até necessitar de ser redefinidos, no sentido de atingir as competências a que cada um se propõe. Não esqueçamos também que as sociedades modernas estão também em constante evolução (quer no campo tecnológico quer no campo dos valores), pelo que todos os agentes e intervenientes no processo educativo terão que acompanhar essa evolução, e adoptar estratégias que permitam também aí a adaptação e flexibilização dos currículos.

O que é para mim o Currículo?

O currículo, de acordo com Bobbitt (1918), é a “especificação de objectivos, procedimentos e métodos” que permitissem a contabilização dos resultados e a medição das aprendizagens. Isto num contexto fortemente marcado pela industrialização e pela imigração nos E.U.A., com a massificação da escolarização, levando à “formatação” dos estudantes. A sua noção de currículo passou a ser a realidade para um grande número de escolas, professores, estudantes, administradores educacionais. Quando se pensa na realidade, acaba-se por pensar como gostaríamos que a realidade fosse, em qualquer dos casos temos o currículo como um processo industrial e administrativo.
Falar de currículo pode ser feito olhando o seu verdadeiro “ser” ou fazendo uma abordagem histórica de como, ao longo da história o currículo tem sido definido.
Uma das questões centrais que envolve um currículo é O QUÊ? O que deve ser ensinado? Claro que a resposta envolve sempre diversas vertentes além do próprio conhecimento e aprendizagem, a natureza humana, temos de considerar o contexto cultural e social. É necessário, seleccionar conhecimentos essenciais e válidos e justificar, dependendo do tipo de sociedade, o porquê da escolha, com o futuro: o ideal em que se vão tornar. No fundo modelar as pessoas de acordo com os parâmetros que em cada momento a sociedade considera o ideal. Para cada tipo de conhecimento temos então um tipo de currículo, um tipo de identidade.
Numa perspectiva pós-estruturalista, o currículo anda de mãos dadas com o poder, uma vez que a selecção de conhecimentos feita se baseia no Porquê? E não no QUÊ? Os currículos actuais, para lá da ênfase pedagógica no ensino-aprendizagem, mostram um forte componente de domínios como o saber, a identidade e o poder. O currículo vem-se adaptando às características da sociedade, bem como à mudança dos valores instituídos. Foi deixando de lado uma metodologia de ensino aprendizagem demasiado planeada e organizada no sentido de objectivos bem definidos, tomando consciência da necessidade da definição de identidades e de saberes baseados na ideologia e no poder que cada sociedade preconiza.