O percurso pela disciplina de Integração Curricular da Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) teve início com a abordagem do conceito de Currículo, e com a análise efectuada por Tomaz Tadeu da Silva, no seu livro “Teorias do Currículo”.
Foi de alguma forma inesperado, perceber que um conceito tão familiar nos dias de hoje já passou por uma grande evolução. Considerado em 1918, por Bobbitt, como a especificação de objectivos, procedimentos e métodos, hoje em dia o currículo tende a adaptar-se às características da sociedade, bem como à mudança dos valores instituídos. Deixando de lado uma metodologia de ensino aprendizagem demasiado planeada e organizada no sentido de objectivos bem definidos, tomando consciência da necessidade da definição de identidades e de saberes baseados na ideologia e no poder que cada sociedade preconiza.
Hoje em dia o papel e o poder das TIC na sociedade, reflecte-se no que se passa no contexto escolar, em que cada vez mais, se apela às TIC no sentido de reforçar as competências a atingir no âmbito do processo de ensino e a aprendizagem. No entanto, estas mudanças, pressupõem que no âmbito da educação “se assuma um novo modelo de ensino e de aprendizagem e vislumbra-se um novo horizonte educativo sintetizado em duas frases: aprender a aprender e ensinar a aprender” (Ontoria et al, 1994:7).
As políticas educativas actuais, centram-se no aproveitamento das Tecnologias de Informação e Comunicação, baseadas em parte no facto de os alunos se apropriarem cada vez mais de produtos associados à tecnologia. As escolas vão sendo inundadas com computadores, quadros interactivos, projectores... Contudo, interrogo-me: Estarão os actores deste palco preparados para tanta novidade? Terá sido preparada a formação atempada e adequada para os professores? Motivação, acredito que não faltará, mas, deve ser ressalvado, que “as opções fundamentais que envolvam a utilização educativa da tecnologia não devem ser tecnológicas, mas sim pedagógicas” (Ponte, 1990).
Colocando-me agora não só no papel de professora, mas em simultâneo no de coordenadora do projecto de educação para a saúde da escola (um ligeiro desvio à proposta apresentada), alerto para que a utilização de computadores tem por certo um impacto negativo na saúde dos nossos jovens... pensando não só no aspecto de saúde física, mas também de saúde mental.
Sabemos já hoje, que os adultos que usam o computador durante muito tempo e com postura pouco adequada, sofrem de fortes dores no pescoço e na coluna além de lesões nos pulsos e mãos devido a um esforço repetitivo. Pensemos nas crianças, que cedo se iniciam na utilização dos computadores, irão ver comprometido o seu desenvolvimento muscular e ósseo, devido não só a posturas incorrectas (prolongadas por largos períodos), como a movimentos repetitivos. Se nos lembrarmos que muitas delas, têm como passatempo também o recurso a jogos, que potenciam o mesmo tipo de problemas, que jovens/adultos teremos no futuro? Quais as consequências para a sua saúde? Podemos associar ainda a falta de actividade física a problemas de obesidade, a que certamente estes novos recursos não serão alheios.
Muito mais poderia ser aqui acrescentado na problemática de comportamentos pouco promotores de saúde, ficou o alerta.
Ao longo do percurso na unidade curricular, foram ainda apresentadas e trabalhadas várias ferramentas. Destaco o Cmap Tools, e a Wiki.
O Cmap Tools (http://cmap.ihmc.us/conceptmap.html) permitiu a construção pelos diferentes grupos, de diferentes mapas conceptuais, reflectindo diferentes experiências de Integração Curricular das TIC realizadas enquanto professores e esclarecendo o conceito de ICTIC para cada grupo.
A construção de uma Wiki, a REDwiki (http://redwiki.wikispaces.com/), que pretendeu reunir intervenções/artigos sobre Recursos Educativos Digitais, organizar e sistematizar a informação e o conhecimento sobre esta temática actual e com elevadas implicações em qualquer processo de Integração Curricular das TIC.
Debruçarmo-nos ainda sobre uma tecnologia - o Quadro Interactivo, procuramos estabelecer a sua relevância no panorama actual da investigação em Educação, através de uma breve revisão da literatura.
Com base nestas concepções procedemos à análise do percurso de integração desta tecnologia, no caso particular duma escola de Lisboa, a Escola de Pedro de Santarém, tendo por base o relatório do projecto Schools Whiteboard Expansion (SWE) realizado no Reino Unido, à luz do qual apresentamos orientações futuras para a dinâmica de implementação já iniciada.
A investigação por nós consultada sugere que o uso da tecnologia varia de professor para professor e de área disciplinar para área disciplinar, não existindo uma fórmula certa. Há que compreender a diversidade de abordagens possível e explorá-las, de forma a reconhecer as que mais benefícios trazem e mais se adequam, à especificidade de cada disciplina e dos seus diferentes conteúdos
As mudanças que a utilização dos QI poderá promover nas práticas dos professores dependerão, em grande medida, da sua percepção das potencialidades que a tecnologia pode acarretar para os processos de ensino-aprendizagem. A formação e a reflexão deverá centrar-se sobre os objectivos pedagógicos e o modo como a tecnologia pode ser usada da forma mais adequada para os alcançar. Como tal, esta reflexão deverá ser feita no seio dos grupos disciplinares/departamentos, potenciando a adequação das funcionalidades do QI à especificidade da natureza do conhecimento/conteúdos e finalidades pedagógicas.
Só com uma compreensão mais clara do potencial dos QIs se chegará à produção de materiais promotores de práticas inovadoras, centradas no desenvolvimento de processos cognitivos, aumentando a compreensão dos alunos para os aspectos relevantes do conhecimento e com impacto nos seus níveis de desempenho. ”A literatura sugere que as pedagogias interactivas, multimodais e de ritmo acelerado, não podem ser tratadas de forma acrítica, e precisam de ser levadas com mais atenção quando, e sobre que circunstâncias tais formas pedagógicas levam à transformação do processo de ensino-aprendizagem, de maneiras que possam melhorar a aprendizagem dos alunos.” (Moss et al., 2007:41).
O uso de um QI não altera por si só as práticas dos professores mas poderá vir a ser, nesta dinâmica de trabalho conjunto, o catalizador para uma reflexão sobre os modelos e processos de ensino-aprendizagem.
Em síntese, foi feito um percurso que permitiu o vislumbrar de novos horizontes, ao mesmo tempo que ampliava outros, na forma como as TIC podem e devem ser Integradas no(s) Currículo(s).
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